Notícias do Paraná 2 por Emmanuel Fornazari

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Universo feminino invade quarta noite do Fenata

Por Emmanuel Fornazari


Cinco atrizes traziam diferentes características das relações entre mulheres


O choro parecia vir do meio da plateia. O público correu os olhos e quando as luzes acenderam viu-se que era o começo de 'Amargasalmas'. Cinco mulheres tomavam o palco com banquinhos de madeira.

A poesia do texto era despejada pela voz, ao mesmo tempo, empossada, quanto suave. Eram diferentes perfis, mas todas mulheres. E em nenhum momento se sentiu a falta de um homem. Era a trama que envolvia o público.

“O feminino nem sempre é valorizado por todos. Muitas vezes apenas as mulheres se identificam. Porém, o espetáculo fez com que todos entrassem na história”, avalia o professor de Geografia, Edemar Rodrigues.

A musicalidade acompanha o espetáculo durante todo o tempo. As frases repetidas em ritmo, com todas falando ao mesmo tempo, provocavam música em sintonia. Os trajes de época traziam um caráter conservador, voltavam a um tempo em que as mulheres passavam parte vida se preparando para os maridos. Precisavam “estar prontas, eternamente prontas”.

A expressão era repetida com ênfase pela mandatária Astorga. A mais velha das quatro irmãs mantinha consigo um ar de tirana que encobria sentimentos escusos. Havia segredos e só Astorga sabia de todos eles.

O espetáculo propõe jogos psicológicos entre as personagens. Rebeca ironiza e caçoa a todas, principalmente Úrsula, a mais nova. Amélia, a cunhada intrusa, tenta se mostrar a mais sensata.

Enquanto Úrsula é a mais inocente e visionária. Porém, as três têm em comum os bordados. Precisam ser dotadas. Astorga impõe. Precisam estar eternamente prontas para os maridos que insistem em não voltar.

A quarta irmã não borda, não se comunica. Ela apenas sente as diferenças psicológicas e se alimenta do seu próprio desespero. “Queríamos justamente propor este sentimento na plateia. De que esta quarta irmã fosse diferente, provocasse inquietação. Ela não é mesmo igual a outras”, explicou o diretor, Ribamar Ribeiro, no debate após a apresentação.

Realmente ela não era igual às outras. Era a única que saía da casa. Não falava com as irmãs. Apenas sentia vibrações pesadas. Também pudera, a quarta irmã era a única viva dentro da casa.



Trajes foram usados para caracterizar conservadorismo

Pós-peça

Mais uma vez lotado – cerca de 600 pessoas do máximo de 700 – o Cine Teatro Ópera viu o público parabenizar a Companhia de Teatro Os Ciclomáticos do Rio de Janeiro, por ‘Amargasalmas’.

O professor de Artes, Mauro Souza, destacou a “dramatização e a postura de palco das atrizes”. Também professora de Artes, Jamile Souza destacou a importância da cultura para a sociedade.

“Eu acho a arte fundamental, faz parte da vida. Festivais como o Fenata que privilegiam a arte deveriam ser mais divulgados”.

Encenando Úrsula, a atriz, Fernanda Dias, ficou encantada com o número de pessoas que acompanharam a peça. Para ela, o Fenata mostra o potencial de Ponta Grossa na área de cultura.

“Não se pode dizer que Ponta Grossa é pequena, é uma cidade grande. É grande por causa da vontade de fazer o teatro acontecer. Nós, artistas, sabemos que não temos oportunidade de nos apresentar em todos os lugares. Quando uma cidade se propõe a fazer um evento deste tamanho, o festival faz a cidade ser um cidade grande, nunca uma cidade pequena”.

Segundo os atores, no Rio de Janeiro, cidade capital, “há apenas um festival e muito ruim”. O grupo Os Ciclomáticos já foi premiado em outra passagem pelo Fenata. Em 2007, arrebataram 14 prêmios na categoria adulto com o espetáculo 'Sobre Mentiras e Segredos'.

Nesta segunda-feira, o Cine Teatro Ópera recebe em seu Auditório A o monólogo Sintoma. A apresentação começa às 20h30, mas recomenda-se chegar com antecedência. Ingressos a R$6 com direito a meia entrada.

Fotos: Josué Teixeira

Fonte: http://einformacao.blogspot.com/2010/11/universo-feminino-invade-quarta-noite.html

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